segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

História de Maria Padilha das 7 catacumbas



Vativa ficou totalmente arrepiada quando ouviu o que a bruxa lhe disse:
- Precisamos do sangue de um inocente!
- Sua mente imediatamente focalizou a imagem de Yorg, seu pequeno filho de apenas três anos.
Seus pensamentos vagaram por alguns instantes enquanto a mulher remexia em um pequeno caldeirão de ferro.
Estava ali por indicação de uma vizinha que conhecia o problema pelo qual estava passando. Era casada, não tinha queixas do marido, mas de repente parece que uma loucura apoderou-se dela.
Apaixonara-se por um rapazote de dezessete anos, ela uma mulher de trinta, bela e fogosa não resistira aos encantos do adolescente e sua vida transformou-se em um inferno.
Já traira seu marido algumas vezes, mas desta vez era algo fora do comum, não conseguia conceber a vida longe do rapaz.
Conversando com a vizinha, a quem contava tudo, esta aconselhou:
- Vá falar com a bruxa Chiara ela resolve o assunto para você.
- Pensou durante alguns dias e não resistiu, foi procurar pela feiticeira.
O ambiente era horrível e a aparência da mulher assustadora, alta, muito magra, com apenas dois dentes na boca, vestia-se inteiramente de preto e fora logo dando a solução:
- Vamos matar seu marido, aí você fica livre e se muda para outro povoado, bem distante, levando seu amante!
- Vativa ficou assustada, não era essa a idéia. Não tinha porque matar seu marido. Não havia um jeito mais fácil?
- De forma alguma, se o deixarmos vivo, quem morre é você!
Mas não se preocupe eu cuido de tudo.
- Foi aí que ela falou do sangue inocente.
- A senhora está tentando dizer que tenho que sacrificar meu filho?
- Para fazer omelete, quebram-se ovos…
Vativa não estava acreditando, a mulher dizia barbaridades e sorria cinicamente. Levantou-se e saiu correndo apavorada.
A risada histérica dada por Chiara ainda ecoava em seus ouvidos quando chegou a casa. Desse dia em diante suas noites tornaram-se um tormento, bastava fechar os olhos para ver aquele homem todo de preto que a apontava com uma bengala:
- Agora você tem que fazer! – Em outras ocasiões ele dizia:
- Você não presta mesmo, nunca prestou!
- Vativa abria os olhos horrorizados e não conseguia mais dormir.
Uma noite, já totalmente transtornada com a aparição freqüente, saiu gritando pela casa. Ouvindo os gritos da mãe o pequeno Yorg acordou e desatou a chorar. Sem saber como, a faca apareceu em sua mão.
- Cale a boca garoto dos infernos!
- A lâmina penetrou por três vezes no pequeno corpo.
Retomando a consciência não suportou a visão do crime cometido e caiu desmaiada. Na queda, a vela que iluminava o pequeno ambiente caiu-lhe sobre as vestes e em pouco tempo o fogo consumia tudo.
Por muitos anos o espírito de Vativa vagou até conseguir a chance de evoluir junto a um grupo de trabalhadores de esquerda.
Hoje todos a conhecem pela grandeza dos trabalhos que pratica na linha da guardiã Maria Padilha, mas se há uma coisa que ela odeia é relembrar o fato, por isso poucas vezes o comenta.
Com posto garantido na falange do cemitério detesta ser lembrada para amarrações e perde a compostura quando há um pedido do gênero.
Saravá Maria Padilha das Sete Catacumbas!

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